terça-feira, 6 de abril de 2010

Nostalgia

Semana Santa se foi! Canoa Quebrada foi ótimo: ótimas companhias, ótimo clima e ótima comida. Aliás, poucas vezes em comi tão bem quanto no Cabana. Ruana, vc se garantiu, minha filha!

Agora, falando sério: que saudade eu senti hoje do dia da minha matrícula na faculdade! Um monte de bichinhos e bichetes pintados de tinta guache, melecados de maisena com confete até a alma, alguns até com cabelo de outro bicho recém depilado pregado na cabeça fazendo um topetinho... todos a caminho da lagoa, com aquelas carinhas desesperadas que traduziam o medo mais mortal dos protozoários existentes naquele ecossistema (ai, adoro aula de biologia!). E nenhum deles reclamava de nada. Tem coisa mais linda?! Ô nostalgia!



Lembrei MUITO do meu dia. Aliás, fez 2 anos domingo (de Páscoa: ressurreição!), dia em que solenemente fui à missa em agradecimento por essa coisa linda que é a medicina na minha vida. Sentei sozinha lá atrás, me achando um peixe fora d'água, uma matuta de galocha, porque eu NUNCA vou à missa totalmente sozinha. Tá, eu sei que é besteira. Mas eu me acostumei a ir com alguém do meu lado, preciso me desacostumar ainda.

Um dia desses, tava eu aqui, recém formada em odonto, na mesa do jantar: "Pai, deixa eu voltar pro cursinho? Quero fazer medicina". Cá entre nós, eu lembro disso e dá vontade de chorar. Mas sou forte, sou loira (GRANDE COISA!), não vou chorar escrevendo em pleno blog não. A cara da pobreza! Pois bem, eu pedi e ele balançou a cabeça. A empolgação personificada sentada na mesa de jantar comendo cozido com arroz. O pobre, ele não gosta muito de falar não. Deixa ele. Aí foi: no dia seguinte, tava a Belzinha na porta do cursinho. A parte chata é que eu pedi pro coordenador pra ir pra turma olímpica e ele disse que eu "não iria acompanhar". Ah, tá. De burra, ele me chamando? Imagiiina!

Lá fui eu pra turma "normal". Ô povo bagunceiro! Mas eu sim, eu queria ovo. Acho que eu e mais umas 4 queríamos, da turma de cinquenta. Básico. No final do ano, bomba. Ano seguinte: turma olímpica. Final do ano: bomba. 25 posições pra entrar na federal. Ano seguinte: turma olímpica DE GRAÇA. Final do ano: bomba na federal e classificáveis na estadual. E aí matrícula de classificáveis, que é toda aquela marmota que eu conheço bem. Um dos dias mais felizes da minha vida. E eu, que achava que ia terminar na particular, saí do Itaperi toda manchada de tinta, maisena e confete e fui cancelar minha matrícula na outra faculdade. A secretária me olhou com cara de abuso. Mas ali, naquele dia, até a Xuxa poderia olhar pra mim com cara de abuso. Eu estaria peidando (com o perdão da palavra) pra ela. Naquele momento, começaram os primeiros dias do resto da minha vida. Não ia haver abuso que mudasse aquilo.

E eu espero, do fundo do meu coração, que nenhum professor mal amado, nenhuma entrevista de monitoria sem sucesso e nenhum parente de acidentado mal humorado me faça algum dia deixar de amar aquilo que eu escolhi pra mim. JAMAIS!

2 comentários:

Erlon Coelho disse...

Só quem passou por isso sabe o temor e a surpresa daquela situação, é algo inconfundível e incomparável, mas diria que você descreveu muito bem as emoções daquele dia. Ô Lôra, seu motor já chegou?

Hell disse...

Goré, que post lindo!!!Beijocas