terça-feira, 31 de agosto de 2010

A questão

Até que ponto é bom nós sermos nós mesmos e darmos um cotoco aos incomodados? Vocês já tiveram a libertadora sensação de serem vocês mesmos, sem ligar a mínima pras consequências disso, e um belo dia, quando tudo parece caminhar super bem, alguém vem e diz pra você que isso não é nada legal e que só aceita ficar do seu lado se você mudar? Pois isso aconteceu comigo. Aliás, aconteceu várias vezes. A última foi hoje. Tô um caco. E pior que só vou ver a terapeuta daqui a 14 dias.

Mas o assunto principal hoje não é esse! O assunto principal é MEDICINA! Não, eu não fiquei 3 anos mofando na cadeira do cursinho do Ari de Sá à toa... pra tudo há uma razão! E, se eu havia odiado meus primeiros dois plantões no Frotão pela Liga do Trauma, eu simplesmente amei meu plantão do último domingo. Dei a "sorte" de os residentes estarem em greve, então estagiário estava sendo necessário até dizer chega. Mal chegamos, subimos pro centro cirúrgico: minha coleguinha ia auxiliar (sim, de capote e tudo) uma cervicotomia por perfuração por arma branca. Sim, o cabra havia levado uma facada no pescoço. E foi um stress só. Lá pros finalmentes dessa cirurgia, que eu estava assistindo só de esguelha, umas 8 da manhã, eu ainda meio grogue me recuperando do sono de 4 horas, põe a mão no meu ombro um cirurgião baixinho que eu nunca havia visto na vida: "Vamos auxiliar uma laparotomia comigo, doutora"? Na hora, me deu um desespero. Primeiro que achei que não ia haver hora pra terminar. Que ia ser tiro, facada, sangue, morte... e depois que tava com total abuso àquele hospital. Mas não. Mudou a minha concepção de estágio de emergência!

Era uma paciente de 28 anos com suspeita de gravidez ectópica. Leia-se hemorragia intra-abdominal e muita, muita dor. Lavei as mãos, vesti o capote, entrei na cirurgia, passei sonda vesical, auxiliei nos afastamentos e pinçamentos, afastei até o útero da paciente com as minhas mãos! É quente ali dentro!! Foi emocionante! E, no final, ouvi: "Já suturou pele, doutora?" "Já". "Pois termine aí". MEDAAAA!! Ele deu uns pontos, eu terminei. Claro que ficaram horrorosos comparados aos dele. Mas foi tão fácil. Revigorante. Eu precisava daquilo. E, aí, eu e minha coleguinha descemos pra emergência de alma lavada. Nos sentindo as médicas mais poderosas do mundo, mesmo com aquele cheiro de álcool iodado, xixi e sangue, tudo misturado.

Chegamos no hospital às 7 e meia da manhã e saímos de lá às 7 e 15 da noite. Péssimas, cansadas, descabeladas e mal cheirosas. Mas felizes! Missões cumpridas com louvor. Que venham os outros 27 plantões do nosso estágio!!

Casar com a medicina ou com um ser humano? Eis a questão.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Uma bolsa azul e um gato apaixonado

De volta ao abandonado pobre coitado do meu blog!

Tenho vááárias novidades da última postagem pra cá. Primeiro que eu dei meu primeiro plantão!! Êêê!! Que legaaaal (NOT!)! E, assim, fiz minha primeira sutura (uma testa de um acidentado de moto: couro duro e ruim de anestesiar. Eu mereço!), usei meu primeiro Allstar e tive meu primeiro trauma de médico. Sim, trauma. Não é porque eu sou da liga do trauma que eu ia ter que sair do hospital traumatizada, né? Ai, que péssimo! Enfim, mas foi o que eu senti. Fiquei passada com o fato de os médicos plantonistas daquele hospital estarem POUCO SE LIXANDO pros pacientes. Tá certo que, se esse povo usasse capacete ao passear de moto e o fizesse sóbrio, o movimento ali seria diminuído na metade; mas isso não é motivo pra médico se fazer de doido, pra passar a tarde vendo o jogo do Timão na TV da sala dos médicos, muito menos pra chamar paciente de "filho da p...". Sim, eu VI isso lá. Talvez eu esteja muito "verde" ainda pra encarar a dura realidade de um médico de emergência. Mas, verdade seja dita: mudei a concepção que eu tinha da medicina que salva vidas. Mas também não vou ficar falando sobre isso, senão ninguém bota mais fé em médico, e é claro que eu quero que botem fé em mim um dia. Um dia...

(meu Allstar novinho, sem a mancha de álcool iodado que ganhou no plantão, com participação especial do mais novo apaixonado da casa, o Jacinto)

E, falando em medicina, eu me sinto cada dia mais desprovida de Q.I. Preciso urgentemente entrar na comunidade EMBURRECI NA MEDICINA. Sério. Quanto mais eu estudo, menos eu aprendo. Quase ficava de final em BIOÉTICA!! Pode?! Eu sei que o aprendizado tá intimamente relacionado ao sono, e dormir realmente era algo que eu tava fazendo muito pouco nessas últimas semanas do semestre letivo (sim, férias estão em vias de chegar!!), então eu estou meio que colocando a culpa da leseira no sono, ou na falta dele. Coincidência ou não, depois de 3 dias consecutivos dormindo 8 horas por noite e 2 por tarde, até que a minha capacidade cognitiva deu um up. E eu continuo loira. Ou seja: descarta o viés tinta. Péssimo de novo!

Como a gente tá meio de férias, mas ainda falta a última prova (que é amanhã e todo mundo vai perfumado pra faculdade pra poder bater foto depois), hoje eu estava doida pra fugir de livro (ô novidade!). Pra fazê-lo bem, fui comprar uma bolsa no shopping. Fiquei na maior dúvida, experimentei a vitrine inteira e toda a banda da parede da loja da mulher, pedi pra pegar 5 no estoque e, afinal, escolhi uma azulzinha tom pastel. Paguei 4 reais só de estacionamento. E, ao chegar em casa e testar a pobrezinha no meu espelho, com as minhas roupas e meu olhar crítico, descobri que não estou precisando de bolsa em azul pastel. Qual a roupa que combina com azul pastel?! Não consegui pensar em nenhuma até agora. Só consigo pensar em ir trocar essa bolsa. E lá vou eu de novo pagar 4 reais e botar a loja da mulher abaixo outra vez. E sem vergonha alguma. Já dizia minha mãe: "vergonha é roubar e não poder carregar". Sábia mulher.

E mais: voltei pra terapia. Sem mais delongas, porque enfim isso é íntimo demais pra sair publicando que nem doida, mas eu me sinto tããão bem quando tô na terapia! Já é uma terapia só saber que faço terapia. Que péssimo parte 3, né?! Eu, definitivamente, amo as psicólogas! Vida longa às psicoterapeutas lindas e pacientes, que não assistem ao jogo do Corinthians enquanto as clientes endoidam na sala de espera, roendo unha e arrancando cabelo, e nem as chamam de "filhas da p...", pelo menos não na frente delas. E a minha, acima de tudo, é professora da minha universidade. Tô em casa. Todo mundo deveria fazer terapia.

Outra novidade: meu gato foi flechado pelo Cupido. Apareceu uma gata vira-latas por aqui e ele passa noites e noites na porta de casa berrando por ela. Tomei um susto na primeira vez, achei que estavam estripando o gato vivo. Mas não. Era o grito do amor. Tô pra mandar capar.

Preciso urgentemente estudar! Coragem, amiiiiiga, cadê vc?!

domingo, 1 de agosto de 2010

Domingo de manhã = ócio = post

Pois é isso mesmo. Tem coisa mais sem graça do que domingo de manhã? Aliás, tem coisa mais sem futuro do que um DOMINGO INTEIRO?!? Sinceramente, domingo só é bom pra macho, que gosta de futebol e de F1, que bebe cerveja, que fica feliz com o mínimo de mongolidade que tá passando na televisão (e admito que isso me causa uma baita de uma inveja!). Eu seria tão mais feliz se um simples Globo Esporte me animasse!

Mas não. Tô num ócio desgraçado, e o pior de tudo é que é preciso muito, mas muito, pra me tirar dele. É aquele tipo de ócio que, mesmo que você pense em fazer aquelas coisas que mais te agradam normalmente, você não se empolga nadinha de nada com elas. Você diz: "MHÉ"! como uma criança que adora brigadeiro olhando pra um prato de feijão com quiabo dentro (ECAAAA! E aquela baba do quiabo, hein?!?). E aí o ócio chama mais ócio. Você quer dormir e não tem sono, porque dormiu até 10 da manhã. Quer ver filme, mas não tem coragem de ir à locadora. Quer sair pra almoçar e conversar besteira, mas tá todo mundo ocupado demais pra sair com você e conversar besteira. Quer bater papo no MSN, mas ninguém de interessante tá on line. E o ócio flui. E ainda tem um detalhe pra deixar tudo ainda mais legal: estou, de novo, vazando sangue pelas "partes". Eu mereço...

Ah, mas eu vou escrever pra espairecer. Primeiro que ontem fui a uma FESTA BREGA! Novidade na minha vida, nunca tinha ido a nenhuma. Calça listrada
de cintura alta da mamis, blusinha de gola alta (tudo alto!), make up anos 80, trunfa no cabelo e pérolas, muuuitas pérolas! E aí morri de comer churros, mini pizzas, bolo de brigadeiro e coxinha. Dançamos Chicletão e É o Tchan, com participação do querido Amado Batista (tema da festa, né? Não podia faltar). E fui dormir bebinha 1 da manhã do lado do meu brega preferido, que tirou o cavanhaque e ficou SÓ DE BIGODE pra arrasar na festinha e ainda realizar minha fantasia sexual. Já posso dizer que fui cortejada por um homem de bigode!! Privilégio de poucas pessoas abaixo dos 40 anos...


(se é de ser brega, vamo ser! Meu Guaraná Wilson e eu, os mais bregas do pedaço)

E esses dias fui comprar roupa na C&A. Ora, fiz a festa. Precisava esperar pra consertar o relógio (branco, novo, liiiindo!), corri pra lá pra ver se algo se salvava. E não é que dava pro gasto?! Claro, tem q ter um olho bom, porque normalmente as peças ali são de péssima qualidade. E, quando você passa 2 horas diárias lendo blogs de moda e beleza, você fica craque em pegar roupa bonita nas araras das lojas de departamento naquele estilo. Mas não teve jeito: peguei 2 blusas iguais, do mesmo tamanho, mas de cores diferentes, e quando cheguei em casa, uma delas era 2 dedos menor do que a outra em todas as dimensões. Etiquetada errada. Ou eu troco, ou perco 12,90. Tinha que ter uma dessas, né? Lá vou eu voltar pro shopping, pagar 3 reais de estacionamento e trocar uma blusa de alcinha que não vai durar 3 lavagens. Comprar na C&A é assim...

E ficar no ócio dia de domingo é assim: um saco. Vou ali bater um papo com o papagaio.